sexta-feira, 31 de julho de 2009

Obama mantém política de intromissões na América Latina, diz "Granma"

colaboração para a Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, dá continuidade à política de seu antecessor, George W. Bush (2201-2009), de intromissões na América Latina, afirmou nesta sexta-feira o jornal oficial cubano "Granma", ao criticar sua posição diante da crise em Honduras e sua suposta expansão militar na região.

O "Granma", porta-voz do governante Partido Comunista, afirma que Obama "pretendeu tomar distância de seu antecessor nos vínculos com a América Latina", durante a Cúpula das Américas, em abril, mas "os últimos passos mostram que seu governo é continuador da política de intervenção de Bush".

"O golpe de Estado em Honduras confirma isso. Washington manteve uma via dupla que, na prática, serve para os golpistas ganharem tempo, sobretudo para reprimir e tentar dobrar a resistência das organizações populares", afirma o jornal em um artigo intitulado "A Casa Branca mantém sua exalação bushista".

O texto diz que 'a posição ambivalente da Casa Branca encoraja as autoridades 'de fato'" que expulsaram o presidente Manuel Zelaya de Honduras há um mês, e aponta que o país "parecesse não estar no mapa para Obama".

O "Granma" disse que entre a Casa Branca e a direita americana "as diferenças parecem somente políticas, quando se trata de reverter o processo de mudanças na América Latina".

Segundo o jornal, os dois atacam a Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), formada pela Venezuela, Nicarágua, Honduras, Bolívia, Cuba, Equador e ilhas do Caribe.

Além disso, o artigo ressalta que Obama "levará a um nível superior o Plano Colômbia de Bush", para expandir a presença militar de Washington no país, o que qualifica de "estrutura militar e de espionagem", com os alvos postos nos governos de Caracas e de Quito.

Venezuela

O "Granma" detalha ainda alguns "sinais" de Washington que, em sua opinião, deixam clara sua 'hostilidade' com o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Para o jornal, a Casa Branca "elevou o nível" de uma visita de dirigentes da oposição venezuelana a Washington, liderados pelo prefeito de Caracas, Antonio Ledezma.

Também lembrou que, após o golpe em Honduras, a secretária de Estado, Hillary Clinton, concedeu uma entrevista em seu escritório ao canal venezuelano Globovisión, dizendo que teve 'uma ativa participação no golpe de Estado em abril de 2002 e na greve petroleira contra o presidente Chávez".

"Washington sabe bem disso e Hillary parece não esconder sua simpatia pelo papel desestabilizador que esse meio golpista desempenha contra o Governo de Chávez", acrescentou o 'Granma'.

Honduras

Na semana passada, o ex-ditador cubano Fidel Castro desqualificou a mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, no conflito político em Honduras e disse que os Estados Unidos atribuíram essa responsabilidade para "ganhar tempo" a favor do governo interino.

Em um artigo publicado na imprensa oficial, Fidel, 82, distante da vida pública desde que ficou doente há quase três anos, disse que Arias é "um político neoliberal, talentoso e possui facilidade com as palavras, extremamente calculista e aliado fiel dos EUA".

"Após duas semanas de crescente luta popular, os EUA fizeram manobras para ganhar tempo. O Departamento de Estado atribuiu a Oscar Arias [...] a tarefa de auxiliar o golpe militar em Honduras, assediado pela vigorosa, mas pacífica pressão popular", afirmou.

O ex-líder cubano disse na semana passada que as negociações eram uma tática postergatória para desgastar os que se opõe à deposição do presidente Manuel Zelaya, ocorrida no dia 28 de junho.

Com Efe

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