sábado, 12 de abril de 2008

Governo de Cuba planeja mais reformas, diz jornal oficial

12/04/2008 - 03h41

Um artigo publicado no jornal oficial do Partido Comunista de Cuba, o Granma, afirma que as reformas anunciadas recentemente pelo presidente Raúl Castro podem ser apenas o início de mais mudanças.

O texto também elogia a recente suspensão de restrições em diversos setores da economia.

Nesta sexta-feira, o governo de Cuba anunciou mais uma mudança. Uma medida publicada no diário oficial vai tornar mais rápidos os trâmites para que trabalhadores possam adquirir moradias estatais.

Com a medida, os funcionários públicos que alugam casas do Estado poderão ter a propriedade dessas habitações, além de deixá-las como herança para seus filhos.

Antes, eles corriam o risco de perder as casa quando se aposentassem.

Segundo o correspondente da BBC em Havana, Michael Voss, a nova medida publicada nesta sexta-feira vai beneficiar principalmente famílias de militares, trabalhadores nos setor de açúcar e de construção, médicos e professores.

No entanto, comprar e vender propriedades ainda continua proibido.

Mudanças Desde que assumiu oficialmente o lugar de seu irmão, Fidel Castro, em fevereiro, o presidente Raúl Castro introduziu uma série de reformas na ilha.

O governo já anunciou a permissão para que cubanos se hospedem em hotéis antes destinados exclusivamente a estrangeiros. Também permitiu que a população tenha acesso irrestrito a telefones celulares, eletrodomésticos, DVDs e computadores No início deste mês, o governo anunciou que vai ceder terras estatais ociosas a cooperativas e produtores privados, em uma medida destinada a impulsionar a produção de alimentos, café e fumo.

UOL

terça-feira, 1 de abril de 2008

Cuba vive série de pequenas revoluções diárias incentivadas por Raúl

01/04/2008 - 16h47

HAVANA, 1 Abr 2008 (AFP) - Todos os dias, os cubanos se vêem em meio a uma série de pequenas mudanças, incentivadas por Raúl Castro, que discreta e gradualmente tem implantado novos paradigmas na vida cotidiana da ilha.

Informados pelo que chamam de "rádio bemba" (comentário boca a boca), milhares de cubanos foram aos armazéns nesta terça-feira para comprar ou simplesmente ver os preços de uma série de produtos eletrônicos, com venda restringida desde 2003 devido ao déficit energético do país, segundo explicações oficiais.

Panelas de pressão elétricas, DVDs, vídeos e motos elétricas começaram a ser novamente disponibilizados; em breve, haverá também computadores, microondas e outros, que devem chegar aos armazéns a qualquer momento.

"Estou muito feliz com minha panelinha", disse à AFP Marlén Pérez, universitária que comprou nas "Galerías Paseo", uma das lojas mais populares de Havana.

A comercialização desses produtos é uma das proibições derrubadas por Raúl Castro, cinco semanas após ter sido eleito presidente em substituição a seu irmão, Fidel, que desistiu da reeleição devido a seu debilitado estado de saúde.

Na segunda-feira, os hotéis cubanos, reservados exclusivamente ao turismo internacional desde 1993, voltaram a abrir suas portas aos cubanos. A medida deve atrair para o país cubanos residentes no exterior, que viriam visitar a família.

Da mesma forma, cubanos agora também poderão alugar carros, e já circulam rumores de que a comercialização de automóveis particulares seria liberada em breve.

"Essas medidas são mais políticas que econômicas. Quem vai querer ir a um hotel ou alugar um carro? Mas ficamos felizes em saber que agora temos a liberdade de fazê-lo", comentou Alfredo Rodines, um engenheiro de 43 anos.

No dia próximo dia 14, começará a venda livre de linhas para telefones celulares, única das medidas anunciadas na imprensa. Raúl, general do Exército, pratica uma tática de avanço passo a passo, sem publicidade ou sobressaltos.

Em julho, quando ainda era presidente interino, Raúl anunciou a necessidade de realizar mudanças e reformas, "inclusive estruturais", na economia, em busca de mais eficiência.

Um debate nacional, lançado por Raúl - um militar com fama de pragmático, organizado e bom administrador -, deu margem a fortes expectativas por parte da população, que ele se encarregouy de moderar e de incentivar ao "trabalho duro" para que o país avance.

O novo presidente constatou que 51% da terra cultivável da ilha "está ociosa ou é subexplorada", um grave problema se forem levados em conta a alta global dos preços dos alimentos - por ano, a ilha importa 1,5 bilhão de dólares em produtos alimentícios.

Após a realização de um estudo, teve início uma verdadeira reforma agrária baseada na entrega massiva de terras ociosas, melhores preços a produtores e a descentralização de decisões em benefício dos municípios.

As novas Delegações Municipais de Agricultura são as peça fundamental do processo de descentralização. A partir de "um novo conceito", essas instâncias "terão autoridade para tomar decisões e assumir responsabilidades", além de explorar "toda a terra" e "aperfeiçoar a comercialização", informaram o jornal oficial Granma e a televisão estatal cubana.


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