terça-feira, 18 de novembro de 2008
Presidente da China chega a Havana para acordos bilaterais
Hu Jintao acena ao chegar à ilha; visita traz acordos comercia
da Efe, em Havana
O presidente da China, Hu Jintao, chegou nesta terça-feira a Havana para uma visita de 36 horas que incluirá uma reunião na quarta-feira (19) com o presidente cubano, Raúl Castro. Ambos devem também assinar acordos para ampliar a cooperação bilateral entre os países, informaram fontes oficiais.
Hu chegou ao aeroporto José Martí acompanhado por uma grande comitiva de funcionários, empresários e jornalistas, e foi recebido pelo primeiro vice-presidente cubano, José Ramón Machado Ventura, e vários ministros.
Enrique De La Osa/Reuters
Em nota distribuída à imprensa, Hu diz que a visita "tem como propósito aumentar a amizade, ampliar a cooperação e trabalhar em parceria com os companheiros cubanos para criar conjuntamente um futuro promissor".
A China é o segundo maior parceiro comercial da ilha, atrás apenas da Venezuela. Conforme dados oficiais, em 2007 os negócios entre os dois países cresceu 27%, totalizando US$ 2,6 bilhões (R$ 5,9 bilhões).
Os dois presidentes vão se reunir amanhã à tarde no Palácio da Revolução e depois participam de uma cerimônia para assinatura de acordos. Antes da chegada de Hu, funcionários dos dois países assinaram nesta terça-feira uma primeira rodada de convênios.
Os acordos incluem investimentos em Cuba, exportação à China de açúcar e níquel, colaboração em biotecnologia, reabilitação de portos e da rede sismológica da ilha, e reconstrução de casas, iniciativas relacionadas com os destroços causados pelos três furacões que castigaram o país nos últimos três meses.
O jornal oficial "Granma", porta-voz do Partido Comunista cubano, disse que a visita de Hu mostra "os excelentes vínculos existentes entre os dois partidos e governos", e dedicou uma de suas oito páginas a uma reportagem intitulada "a China continua demonstrando a validade do socialismo".
Diplomatas de outros países, no entanto, vêem grandes diferenças entre a potência comunista asiática, que tem uma economia aberta, e uma Cuba em crise crônica, na qual as tímidas reformas anunciadas por Raúl Castro parecem estagnadas.
Hu chega a Cuba após participar no sábado (15), em Washington, da cúpula de chefes de Estado e de governo do G20 (que reúne os países mais ricos e os principais emergentes) e depois de uma visita de 24 horas à Costa Rica, primeiro país centro-americano a estabelecer relações diplomáticas com Pequim e a suspender seus contatos com Taiwan.
Fidel
Cuba, único país da América com governo comunista, foi também o primeiro do continente a estabelecer relações com a China, em 1960, um ano após Fidel Castro chegar ao poder. Fontes diplomáticas não descartam uma reunião de Hu com o ex-ditador de 82 anos, que visitou a China em duas oportunidades.
Fidel deixou a Presidência em fevereiro passado ao irmão Raúl, e não aparece em público desde que adoeceu, em julho de 2006, mas ocasionalmente são divulgadas fotos e imagens suas, sobretudo durante visitas de líderes estrangeiros.
Fidel Castro, que ainda ocupa o cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista cubano --Raúl é o segundo--, se reuniu no dia 24 de junho com o secretário de Controle Disciplinar do Comitê Central do Partido Comunista chinês, He Guoquian, que visitou recentemente Havana.
Crise
A visita de Hu acontece no momento em que Cuba enfrenta uma difícil situação econômica, em parte por causa dos furacões Ike e Gustav, que causaram danos avaliados em US$ 9 bilhões (R$ 20,5 bilhões).
A ilha enfrenta os efeitos da crise financeira mundial, que reduziu o preço do níquel, o turismo e as remessas dos emigrantes, três de suas principais fontes de divisas.
O país também sofre com a alta dos preços internacionais dos alimentos, já que importa mais de 80% do que é consumido por seus 11,2 milhões de habitantes.
A visita de Hu terminará no começo da quarta-feira (19), quando partirá para Lima, no Peru, onde participa, no próximo fim de semana, de reunião do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).
Esta é sua segunda viagem pela América Latina, depois da realizada em 2004, em que passou por Brasil, Chile, Argentina e Cuba.
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