da Efe, em Havana
A oposição interna de Cuba prefere que o próximo presidente dos Estados Unidos seja o democrata Barack Obama já que ele favorece reformas na ilha com sua política externa de diálogo aberto.
O economista Óscar Espinosa, um dos 75 opositores condenados na onda repressiva de 2003 do governo de Fidel Castro, diz que a vitória de Obama nas eleições presidenciais contra o republicano John McCain seria "muito positiva para Cuba" e garantiria "uma mudança de uma política cuja prática tem servido para manter o totalitarismo em Cuba e tem sido muito prejudicial".
"Uma atitude flexível como a de Obama pode ajudar os setores reformistas presentes no governo, no partido comunista e na sociedade cubana", afirmou Espinosa, que tem licença extra-penal por motivos de saúde.
O também dissidente Vladimiro Roca explicou que "a proposta do candidato democrata é a mais sensata", mas também a menos conveniente para o governo cubano, porque "rompe o esquema de sítio que mantém para justificar a repressão".
Para Roca, McCain, que provavelmente manteria a política de embargo a Cuba do presidente George W. Bush, ajudaria "a linha dura e o enfrentamento verbal para manter o status de que são um país sitiado pela maior potência do mundo".
Outro dissidente, Manuel Cuesta Morúa, do moderado Arco Progressista, destacou que o "discurso e a possível eleição de Obama não chegam em um bom momento porque, embora seja paradoxo, para que o governo possa realizar reformas, é necessário que McCain ganhe as eleições".
Segundo Morúa, a pressão sobre os EUA seria muito maior caso Obama ganhe as eleições, o "império perderia visibilidade para o povo cubano".
Segundo analistas consultados pela agência de notícias internacionais Efe, a perspectiva de uma mudança na política norte-americana com o novo presidente forçará Cuba a repensar sua estratégia com os Estados Unidos.
Sem descartar confrontos pontuais, como quando os candidatos forem a Miami, em reduto de exilados cubanos nos EUA, analistas concordam em dizer que o governo de Raúl Castro manterá um "perfil baixo" nos próximos meses, sem propagar acusações.
"A posição do governo diante da campanha presidencial dos EUA deve ser de perfil baixo, porque já não há discursos e não é a mesma coisa falar e escrever uma nota em um jornal", disse um dos analistas, em referência aos extintos discursos de Fidel.
Oposição, diplomatas e analistas esperam para ver a reação do atual líder cubano Raul Castro com a saída gradual de seu irmão, Fidel Castro, do governo que ditou por décadas.
Fidel
Fidel não aparece em público desde janeiro deste ano, mas escreve freqüentemente sobre as eleições norte-americanas em sua coluna "Reflexões", publicada pelos veículos governistas da ilha.
Castro criticou Obama em maio por anunciar que manteria o embargo à ilha e dizer que Cuba vivia sob uma ditadura. Contudo, ele afirmou que "do ponto de vista social e humano, é o candidato mais avançado" e que "não foi responsável pelos crimes cometidos pelos EUA contra Cuba e contra a humanidade".
Segundo suas colunas, Castro prefere a vitória de Obama porque "faria um enorme favor a seus adversários".
Fidel acusou McCain de ser um "instrumento da máfia" e chamou-o de "débil" em situações difíceis, mentiroso e defensor dos terroristas.
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