segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Cuba presta 1ª grande homenagem a Fidel Castro na Praça da Revolução




Peregrinação ao coração político de Havana abre uma semana de tributos ao pai da revolução cubana, que morreu na sexta-feira aos 90 anos.

cubanos se reúnem nesta segunda-feira (28) na Praça da Revolução, o local mais amado por Fidel Castro, para prestar a primeira grande homenagem ao líder histórico da ilha.

A peregrinação ao coração político de Havana, onde Fidel Castro fez vários de seus discursos de muitas horas, com desafios frequentes aos Estados Unidos, abre uma semana de tributos ao pai da revolução cubana.
"Vá à praça e verá o que é de verdade o povo de Cuba (...), como sofre quando sente de verdade", afirmou Jorge Guilarte, um bicitaxista de 50 anos.
A morte do comandante na sexta-feira, aos 90 anos, provocou o silêncio em uma ilha agitada.

Talvez Havana nunca tenha vivido um fim de semana tão atípico. Por ordem do governo, que declarou nove dias de luto nacional, os locais públicos não tocaram música e não serviram licor.

As cinzas do homem que governou o país sem concessões durante 48 anos, antes de uma doença o obrigar a ceder o poder em 2006 ao irmão Raúl, serão expostas na Praça da Revolução até terça-feira.

Na quarta-feira começará uma procissão que percorrerá 13 das 15 províncias do país, com a conclusão no domingo em Santiago de Cuba, onde as cinzas serão depositadas no cemitério Santa Ifigenia após uma viagem de quase 1.000 km.

Alguns líderes estrangeiros devem viajar a Cuba durante a semana - o presidente do Equador, Rafael Correa, já confirmou presença na terça-feira.
A morte de Fidel Castro, um polêmico protagonista do último século, provocou uma série de reações em todo o mundo.

"Qualquer cubano que seja digno deve comparecer à Praça para prestar o último adeus a Fidel, que é Cuba", afirmou Ernestina Suárez, uma dona de casa de 67 anos.

A dizimada dissidência suspendeu qualquer ato de repúdio contra o dirigente por respeito ao luto nacional, mas em Miami os dissidentes cubanos continuam celebrando com champanhe a morte de Castro.
Daniel Martínez, um cozinheiro de 33 anos, não se considera um opositor, mas não vai comparecer à Praça da Revolução.

"Não tenho nada contra Fidel no campo pessoal, mas não sou castrista. Não gosto deste sistema, nem com Fidel nem com Raúl, porque aqui nada muda", disse.

O líder cubano, que estabeleceu um regime comunista a menos de 200 km das costas dos Estados Unidos, em plena Guerra Fria, pronunciou seu último discurso na Praça da Revolução em 1º de maio de 2006, dois meses antes de ficar gravemente doente em consequência de uma hemorragia intestinal.

Acesso o link http://g1.globo.com/mundo/noticia/cuba-presta-1-grande-homenagem-a-fidel-castro-na-praca-da-revolucao.ghtml

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Após passar por Cuba, furacão Matthew segue para Bahamas e EUA


Nove pessoas morreram na passagem pelo Haiti e Rep.Dominicana.
EUA se prepara para a chegada do fenômeno natural.

Do G1, em São Paulo
Moradora Guantánamo, em Cuba, se protege da chuva com saco plástico na passagem do furacão, na terça-feira (4) (Foto: Alexandre Meneghini/ Reuters)Moradora Guantánamo, em Cuba, se protege da chuva com saco plástico na passagem do furacão, na terça-feira (4) (Foto: Alexandre Meneghini/ Reuters)
O furacão Matthew atingiu o leste de Cuba na terça-feira (4) e provocou a retirada de 1,3 milhão de pessoas de suas casas. Ele segue nesta quarta-feira (5) para Bahamas e para os Estados Unidos. Na República Dominicana e Haiti, o furacão deixou nove mortos, segundo a France Presse.

De categoria 4 na escala Saffir-Simpson (1 a 5), o Matthew tocou a terra no extremo oriente deCuba pouco antes das 19h de terça-feira (20h de Brasília), com ventos de até 220 km/h.
Nesta quarta, ele foi rebaixado para a categoria 3 no início desta quarta, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), com sede em Miami, de acordo com a Reutes.
Segundo a CNN, a ilha ainda sentia os efeitos do furacão  nesta manhã. A AFP informou que há previsão de chuvas intensas e inundações, segundo o presidente do Conselho de Defesa Municipal de Baracoa (departamento de Guantánamo), Tony Matos. As ondas podem chegar até quatro metros de altura.
A chegada de Matthew forçou a retirada de mais de 1,3 mil cubanos de suas casas.

Além de Guantánamo, as províncias Santiago de Cuba, Camagüey, Holguín, Granma e Las Tunas também estão em alerta.

O Matthew representa o maior desafio ao sistema de alerta e prevenção de emergências de Cuba desde 2012, quando o furacão Sandy (categoria 2) deixou 11 mortos e provocou grande destruição em Santiago de Cuba, de acordo com a France Presse.
 
Pessoas passam por rua inundada e cheia de lixo durante a passagem do furacão Matthews por Porto Príncipe, no Haiti (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)Pessoas passam por rua inundada e cheia de lixo durante a passagem do furacão Matthews por Porto Príncipe, no Haiti (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Haiti
O furacão Matthew deixou cinco no Haiti, país mais pobre das Américas. A região sul do país ficou isolada na terça, após a queda de uma ponte na estrada Route Nationale 2, que liga esta parte do país com a área da capital Porto Príncipe.

O Ministério do Interior anunciou a retirada de 9.280 pessoas foram retiradas de suas casas. "Por enquanto, é impossível fazer um balanço e conhecer a extensão da destruição causada pela passagem do ciclone", disse porta-voz da Defesa Civil, Edgar Celestin. 

"É a pior tempestade que o Haiti sofre em décadas, e todos os danos serão, sem dúvida, significativos. Mais de quatro milhões de crianças podem estar expostas aos estragos do furacão", declarou o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Haiti, Marc Vincent.
O furacão atingiu a cidade de Anglais por volta das 7h locais (8h, horário de Brasília) com ventos máximos de 230 km/h, informou o NHC, com sede em Miami
A Agência para o Desenvolvimento Internacional (AID) dos Estados Unidos enviou uma equipe de elite de resposta a desastres para Bahamas, Haiti e Jamaica, segundo a France Presse.

República Dominicana
Na República Dominicana, quatro pessoas morreram. O Centro de Operações de Emergências (COE) informou que mais de 8,5 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas em Santo Domingo e nas províncias próximas da fronteira com o Haiti.

EUA se prepara
O furacão pode alcançar o sudeste dos Estados Unidos, onde os governos da Flórida e da Carolina do Norte decretaram estado de emergência. Já a Carolina do Sul ordenou a evacuação do litoral a partir de quarta-feira.
"Nosso objetivo é que a população se situe a pelo menos 150 km da costa", declarou a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley.
Diante da possibilidade da chegada de Matthew, o presidente Barack Obama decidiu adiar um ato previsto para esta quarta-feira, em Miami, com a candidata democrata Hillary Clinton.

Postado por Carlos PAIM

sábado, 1 de outubro de 2016

Furacão Matthew sobe para categoria 5 com ventos de 260 km/h


Fenômeno ameaça população de Colômbia, Cuba, Haiti e Jamaica.
Furacão é o 'mais potente' no Atlântico desde Félix, que matou 130 em 2007.

Da EFE e da France Presse
Furacão Matthew é visto em imagem capturada pela Nasa (Foto: NOAA/NASA Goddard MODIS Rapid Response Team/Handout via REUTERS)Furacão Matthew é visto em imagem capturada pela Nasa (Foto: NOAA/NASA/Handout via REUTERS)
O furacão Matthew, que ameaça Colômbia, CubaHaiti e Jamaica, subiu nesta sexta-feira (30) para a categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson, com ventos que atingem os 260 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões, dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês).
A 0h deste sábado (1º), o Matthew estava a 125 quilômetros a noroeste de Punta Gallinas, naColômbia, e a 710 quilômetros a sudeste de Kingston, capital da Jamaica.
O Matthew é o furacão "mais potente" que castiga o Atlântico desde o Félix, que deixou cerca de 130 mortos em sua passagem pela Nicarágua em 2007, de acordo com o NHC, que o classifica como "extremamente perigoso" e com um olho "bem definido".
No boletim anterior, publicado três horas antes, o Matthew registrava ventos de 240 km/h.
Os fortes ventos do furacão se estendem por 55 km, a partir de seu centro, e os ventos com força de tempestade tropical chegam a uma distância de até 315 km a partir de seu olho.
Região em alerta
O governo da Jamaica emitiu um aviso de furacão para toda a ilha, enquanto o haitiano fez um alerta de tempestade tropical para a costa sudoeste do país, da fronteira sul com a República Dominicana até a capital, Porto Príncipe.
As advertências se somam a outra, emitida horas antes, pelo governo da Colômbia. O país enviou um aviso de tempestade tropical para a fronteira com a Venezuela.
O NHC emitiu uma advertência para o litoral da Península de la Guajira, na fronteira entre Colômbia e Venezuela, e um alerta de furacão para a Jamaica. Também emitiu um alerta de tempestade tropical para o sul da República Dominicana e o Haiti.
Uma advertência significa que as condições meteorológicas indicadas são iminentes, enquanto o alerta aponta que tais condições são prováveis.
Previsão até domingo
Segundo a previsão, o Matthew irá em direção oeste a uma velocidade mais lenta esta noite e no sábado ruma para oeste-noroeste.
O centro do Matthew se movimentará nas próximas horas rumo ao norte da península de La Guajira e permanecerá sobre o Caribe central no sábado.
No domingo, se aproximará da Jamaica.
A temporada de furacões do Atlântico vai de 1º de junho a 30 de novembro. Este ano, porém, o primeiro furacão (Alex) se formou em janeiro, em um episódio meteorológico incomum.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Exilados não creem em mudanças em Cuba, 10 anos depois da saída de Fidel


  • Reprodução/rol-benzaken
    Aos 89 anos, após ter deixado o poder, Fidel fez poucas aparições em público e, de vez em quando, escreve alguma ''reflexão'' na imprensa oficia
    Aos 89 anos, após ter deixado o poder, Fidel fez poucas aparições em público e, de vez em quando, escreve alguma ''reflexão'' na imprensa oficia
Dez anos depois de Fidel Castro ter deixado o poder, exilados cubanos dizem que não houve mudanças relevantes no país, apesar de a esperança de uma transição rumo à democracia surgida no histórico dia 31 de julho de 2006.

"Os cemitérios de Miami estão cheios de pessoas que comemoraram com garrafas de champagne a saída ou as 'mortes' de Fidel Castro", disse à Agência Efe, com lágrimas nos olhos, Eduardo, um cubano que vive há mais de 30 anos como exilado nos Estados Unidos.

Eduardo concedeu entrevista em frente ao café Versailes, onde no dia 31 de julho de 2006, depois de o governo de Cuba ter anunciado oficialmente que o líder da Revolução passava o poder para o seu irmão, Raúl Castro, devido a uma grave doença, um grupo de pessoas comemorou o que podia ser o fim da "ditadura castrista", como classificaram o fato na época os jornalistas.
Alguns disseram que, se o governo anunciava que Castro estava doente, na realidade, é que teria morrido. Outros analistas previam que a saída do líder seria o início de uma transição para a democracia. Não menos errado estava quem há dez anos colou perto do Versailles um cartaz com um desenho de Hugo Chávez e, ao seu lado, as palavras "Viúvo de Fidel". Quem acabou morrendo, em 2013, foi o presidente venezuelano, deixando líder cubano seu "companheiro ideológico". Aos 89 anos, após ter deixado o poder, Fidel fez poucas aparições em público e, de vez em quando, escreve alguma "reflexão" na imprensa oficial.

Os manifestantes de dez anos atrás aparecem nas fotos agitando bandeiras de Cuba, com brilho no olhar e um sorriço esperançoso. Em 2016, as organizações políticas e cidadãos cubano-americanos afirmaram à Efe que já descartam uma possibilidade de abertura do regime, mas acreditam que o povo da ilha impulsionará uma mudança.

Para María Elana Alzipar, porta-voz das Damas de Branco nos EUA, a nova geração "menos doutrinada" e empoderada pela tecnologia - o que permite o conhecimento do que ocorre fora de Cuba e dá capacidade de organização por meio das redes sociais - é a única capaz de propiciar o fim do "castrismo".

Segundo ela, o regime está "se coordenando" para não ceder terreno e para passar o bastão para outro Castro, possivelmente Alejandro Castro Espín, assim que seu pai, Raúl, deixar o poder.

Orlando Gutiérrez, líder do Diretório Democrático Cubano, está otimista, apesar de reconhecer que nos últimos dez anos não houve "mudanças substanciais" de parte do governo e de denunciar que a "perseguição e o assédio" aos opositores continua.

"O futuro pertence à democracia, a resistência, sim, se movimentou e cresceu. Não há sinais de que os opositores dentro e fora de Cuba estejam cansados de lutar", afirmou Gutiérrez, convencido de que os cubanos, sobretudo os mais jovens, vão sim se cansar de viver como vivem e "explodir".

O líder do Diretório Democrático Cubano nem sequer considera que o fato de Cuba e os EUA terem normalizado suas relações signifique um avanço para a causa da liberdade. E, como outros exilados, ele também pensa que Fidel segue tendo a "última palavra" no país.

"O degelo com os EUA ficou na superfície. Longe de ajudar a uma mudança, prolongou um pouco mais a vida do regime", avaliou.

Um opositor interno, Ivan Hernández Carrillo, sindicalista independente condenado a 2003 a 25 anos de prisão por "periculosidade social", apesar de ter sido libertado oito anos depois beneficiado por uma "licença extra penal", avalou que em Cuba não há "melhoras políticas, econômicas ou de direitos humanos".

"Não podemos esperar nada a curto prazo do governo, nem de fora de Cuba. Somos nós quem devemos projetar uma mudança", disse.

O dissidente e ex-preso político cubano José Daniel Ferrer, líder da União Patriótica de Cuba, de visita a Miami como Hernández Carillo, concorda que a mudança não vai ocorrer em breve e que, em todo caso, será impulsionado pelo povo quando os Castro já não estiverem no poder.

Ferrer também acredita que o governo de Raúl Castro assinou o acordo com os EUA não por vontade real de mudança, mas para "ganhar negócios e tempo". Além disso, destacou que, ao mesmo tempo, para reduzir a pressão interna, segue encorajando a saída de cubanos insatisfeitos com a situação no país para o exterior.

                       Postado por Carlos PAIM

segunda-feira, 21 de março de 2016

Obama visita Cuba e encerra Guerra Fria nas Américas

José Romildo, da Agência Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e sua família desembarcaram em Cuba neste domingo para uma agenda de três dias. Mais informações na reportagem de José Romildo.

A viagem histórica do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Cuba, tem o objetivo normalizar as relações entre os dois países, afetadas por um boicote comercial que já dura mais de cinquenta anos.

A viagem está tendo grande repercussão na imprensa dos Estados Unidos. O Wall Street Journal diz que líder cubano Raúl Castro é um comunista pragmático porque liderou com sucesso, pelo lado cubano, a reaproximação dos dois países.

A agenda de Obama coloca como um ponto alto da visita do presidente norte-americano a Cuba o encontro com o cardeal Jaime Ortega. O líder católico trabalhou com o papa Francisco para trazer os dois países à mesa de negociações visando ao restabelecimento das relações diplomáticas.

A viagem do presidente Obama é uma “boa notícia” porque encerra, no âmbito das Américas, o último capítulo da guerra fria na política externa dos Estados Unidos, segundo disse diretor do Instituto Brasil, Paulo Sotero. O Instituto Brasil é ligado ao Centro Internacional de Woodrow Wilson, sediado em Washington, entidade que realiza estudos sobre a democracia e o desenvolvimento econômico em vários países.

O presidente Obama também está discutindo, no encontro com autoridades cubana, temas ligados aos direitos humanos e ao desenvolvimento da iniciativa privada em solo cubano. A viagem é a primeira de um presidente norte-americano à ilha cubana em quase 90 anos.

O último compromisso de Obama nos Estados Unidos é assistir a um jogo de beisebol entre o  Tampa Bay Rays e a equipe nacional cubana. O beisebol é um esporte muito popular tanto nos Estados Unidos quanto em Cuba.

Sem áudio

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Cinco entraves nas relações entre Cuba e EUA que devem marcar a visita de Obama à ilha


A visita de um presidente americano a Cuba, algo esperado há quase 90 anos, está prestes a acontecer. A viagem foi anunciada pelo próprio presidente Barack Obama nesta quinta-feira em seu Twitter.

Havana será uma das paradas de do giro que Obama fará pela região, mas com certeza será a que vai receber mais atenção pelo processo de aproximação dos dois países, que teve início em 17 de dezembro de 2014.

No entanto, a visita de Obama deve ser acompanha por críticas e obstáculos que seguem impedindo que as relações entre Estados Unidos e Cuba sejam totalmente normais. Veja os principais entraves:
O embargo

"Não poderá haver relações normais entre Cuba e EUA enquanto for mantido o embargo econômico, comercial e financeiro", disse o governo cubano ao anunciar o restabelecimento de sua embaixada em Washington, em meados do ano passado.

O embargo econômico dos EUA sobre a ilha está vigente desde 1962 e é a resposta do país ao confisco de bens de cidadãos e empresas americanas em Cuba, após a revolução encabeçada por Fidel Castro, em 1959.

O próprio Obama defende que se acabe com o embargo, mas não pode fazer isso sozinho: por se tratar de uma lei, é uma decisão do Congresso.

Diante disso, Obama tem se valido de medidas executivas para flexibilizar as restrições em setores que incluem serviços empresariais, viagens, telecomunicações e remessas.

Guantánamo

Havana e Washington têm opiniões diferentes sobre a região onde está localizada a base naval americana de Guantánamo em Cuba.

O governo cubano já pediu diversas vezes que o território seja devolvido e vê nesse ponto uma condição imprescindível para a normalização dos laços com os EUA.

O fechamento da prisão foi uma das primeiras promessas eleitorais da primeira campanha de Obama, em 2008. Devolver o território, no entanto, nunca foi algo cogitado pelos EUA.

Por ser um tema que afeta diretamente os planos da defesa e segurança, as negociações sobre esse ponto não têm sido tão públicas quanto as ligada ao embargo.

As reparações

O governo cubano também exigiu que "se compensasse o povo cubano pelos danos humanos e econômicos provocados pelas políticas dos Estados Unidos". Isso nos leva a outra das contas pendentes entre os dois países: as reparações.

Os EUA quer compensações de Cuba pelos bens dos americanos confiscados durante a Revolução. O Departamento de Justiça americano têm 8.821 pedidos ligados a isso, entre empresas e indivíduos do país que afirmam ter perdido suas propriedades. No total, os pedidos somam quase US$ 2 bilhões (em valores de 1960).

Já Cuba pede reparações aos EUA pelos dados causados desde o início do embargo. Segundo o informe "Cuba vs Embargo", apresentado pelo país na Assembleia Geral da ONU em 2014, esses danos somam US$ 1,11 trilhão.

Democracia e direitos humanos

Há quase um ano, delegações dos dois países se reuniram em Washington para definir a agenda de um futuro diálogo, no que dizia respeito aos direito humanos.

Os EUA insistem que querem ver melhorias nesse aspecto. Mas, do ponto de vista cubano, são os EUA que devem reconhecer sua forma de "democracia popular e participativa", como qualificam seus sistema de governo.

O principal problema, afirmam os especialistas, é Washington querer impor seus "valores democráticos" e Havana querer que seu sistema político de "democracia participativa" com partido único seja reconhecido.
Política de imigração

Em 1966, os EUA colocou em marcha a chamada "Lei de Ajuste", que permite que cubanos solicitem residência permanente ao fim de um ano e um dia após chegar ao território americano.

Nesse sentido, a Casa Branca não fez anúncios de que irá mudar sua política migratória para Cuba.

Esse é um tema polêmico no Congresso dos EUA, em que há legisladores que consideram que é uma forma de proteger os cubanos do regime castristas, enquanto outros acreditam que é um benefício de que alguns cubanos se aproveitam.

E as implicações dessa política foram sentidas em vários países da América Latina, que tiveram de lidar com um fluxo cada vez maior de cubanos que tentam chegar aos EUA antes que a lei mude.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Raúl Castro faz visita histórica à França


Em sua primeira viagem oficial à Europa, líder cubano é recebido com honras militares em Paris. Presidente francês destaca "nova fase" nas relações bilaterais e pede que EUA removam embargo a Havana.

O presidente cubano, Raúl Castro, iniciou nesta segunda-feira (01/02) uma visita de dois dias à França. A viagem oficial, a primeira dele à Europa, é vista como um passo fundamental para uma reaproximação de Cuba com o Ocidente.

Com direito a honras militares, Castro foi recebido pela ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal, sob o Arco do Triunfo, um dos símbolos de Paris. O líder percorreu ainda a famosa avenida Champs-Elysées, especialmente decorada com bandeiras de Cuba e da França. Trata-se da primeira visita de um chefe de Estado cubano à capital francesa em mais de 20 anos.

A polícia francesa restringiu fortemente o acesso do público, e apenas alguns grupos de simpatizantes do regime cubano estiveram presentes na cerimônia.

Castro foi recebido pelo presidente François Hollande com um abraço, em frente ao Palácio do Eliseu. Numa coletiva de imprensa após o encontro bilateral, o líder francês pediu que o presidente dos EUA, Barack Obama, finalmente remova o embargo comercial imposto a Cuba.

"Obama, que fez vários gestos, deve, como ele mesmo disse, ir até o final e permitir que este vestígio da Guerra Fria termine", disse Hollande. Ele afirmou que a França sempre esteve convencida da necessidade de acabar com o embargo, apesar das tensões internacionais.

Castro, por sua vez, agradeceu Hollande pela mensagem contra o bloqueio comercial e por exercer um "papel de liderança" nas relações entre Cuba e a União Europeia.

Castro agradeceu a França por interceder a favor da ilha nas negociações com o chamado Clube de Paris sobre a dívida cubana. O grupo reestruturou em dezembro uma dívida milionária de Cuba. O acordo é considerado chave para possibilitar o acesso de Havana a créditos em âmbito internacional.

Hollande, que foi a Cuba em maio do ano passado, descreveu a visita de Castro como "uma nova fase no fortalecimento das relações entre os dois países".

Abertura internacional

A visita de Castro à França se insere numa gradual abertura internacional da ilha comunista, que restaurou as relações diplomáticas com os Estados Unidos no ano passado.

O presidente assumiu a presidência do país em 2008, depois que o irmão Fidel Castro, no poder desde 1976, adoeceu. Fidel foi o último chefe cubano a viajar à França, em 1995, mas, na ocasião, não foi recebido com honras de uma visita de Estado.

Castro chegou a Paris no sábado, mas iniciou a programação oficial somente nesta segunda-feira. Na terça-feira, ele deve se reunir com o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo.