sábado, 14 de julho de 2012


Após 50 anos, 1º barco de carga de Miami atraca em Cuba


DESTAQUES EM MUNDO
HAVANA - Autoridades portuárias e cubanos de olhar atento receberam na sexta-feira no Porto de Havana o primeiro carregamento marítimo proveniente de Miami em mais de 50 anos. A chegada do navio Ana Cecilia, da empresa International Port Corp., marca o início de um serviço regular semanal entre Havana e a capital do exílio cubano, em um movimento visto por especialistas como um sinal de aproximação entre os EUA e a ilha. A distensão ordenada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em 2009 para viagens familiares e envio de remessas permitirá que o trecho Miami-Cuba volte a ser navegado semanalmente, apesar de o bloqueio comercial continuar em vigor.
Transportando ajuda humanitária e remessas de cubanos a parentes, a embarcação tem potencial para entrar para a história marítima do país, que hoje tem como momento mais marcante a chegada do Granma há 56 anos, trazendo Fidel Castro e dezenas de companheiros para iniciar a Revolução Cubana.
A embarcação tinha a chegada prevista para quinta-feira, mas precisou aguardar durante 24 horas na Baía de Havana por conta de problemas na documentação, conforme explicou ao GLOBO o porta-voz da empresa, Leonardo Sánchez-Adega. O navio Ana Cecilia zarpou na quarta-feira levando artigos enviados por familiares de cubanos residentes em Miami, retomando uma rota paralisada em 1962.
- Esta é nossa primeira viagem. Essa rota não era usada há muito tempo - justificou.
O navio atracou com as bandeiras de Cuba e da Bolívia, país onde a embarcação está registrada. A ausência da bandeira americana faz parte do protocolo exigido pelas autoridades dos EUA para autorizar a viagem, um processo que levou dois anos até ser concluído e motivou críticas de políticos republicanos.
- É uma das melhores coisas que já aconteceram. É o mais importante que se pode fazer entre os dois povos - disse Leonardo Sánchez-Adega, porta-voz da empresa International Port Corp. - As maiores cargas que levamos é um colchão e uma cadeira de rodas elétrica.
A empresa está autorizada a transportar artigos considerados de ajuda humanitária, como alimentos, medicamentos, eletrodomésticos, móveis e roupas.
Cuba e EUA se distanciaram após a revolução de 1959. O navio deveria ter atracado na quinta-feira, mas problemas na documentação atrasaram o desembarque. Em Miami, vivem mais de um milhão de cubanos radicados nos EUA.
No porto de Havana, um grupo de pessoas que viu o navio atracar se mostrou esperançosa.
- É uma ajuda de nossos parentes. Não tem nada a ver com política - disse Víctor Angel Díaz, de 75 anos, enquanto vendia pacotinhos com amendoins torrados em frente ao porto.

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